por — Eduardo Muylaert Ela se percebeu um pouco ridícula, a torradeira impassível e ela a olhar desconsolada. Se ele estivesse aqui, dava um jeito, se fosse um celular dava reset . Nunca se conformou, os aparelhos deviam vir em português, é lei, não é? Tostar o pão vem de outra era, mais calorosa. As primeiras máquinas queimavam as pontas dos dedos. Dez anos depois, o pão se pôs a saltar, como a rã do Matsuo Bashô a perturbar as águas do velho tanque com seu furuike ya kawazu tobikomu mizu no oto. Logo mais surgiriam as três maravilhas que moldaram uma civilização: a torradeira automática, o pão de forma em fatias e o breakfast, incluindo ovos com bacon e uma quantidade extraordinária de calorias. Não havia lar sem torradeira na América do século XX. Na casa de Portinari há uma máquina de café expresso, cilindro brilhante de aço com um só pistão. Maria cresceu com o aroma do café passado no coador, a mãe botava bastante açúcar, passou a ver Candinho, o pi