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Mostrando postagens de março, 2021

QUARENTENA, ANO 2 - É verdade esse bilete

Por Daniela Martins Desci depois da chuva para ir até a farmácia e acabei dando uma volta no quarteirão. Depois de dias sem colocar o nariz pra fora de casa, é preciso esticar as pernas. Quando dobrei a esquina da Itambé, vinha subindo um catador, desses que recolhem papelão nas ruas, puxando sua carroça. A carroça era um acontecimento: caixa de som com um rock nas alturas e uma bandeira dos EUA hasteada, orgulhosa. Até agora tento compreender a cena... Um novo “empreendedor” de si mesmo? Um trumpista tropical? Um trabalhador desiludido com seu próprio país? Um amante do rock? Um nascido em 4 de julho? Não era mesmo fácil de entender. Mas tá todo mundo meio louco, nem convém ficar buscando sentido nas coisas atualmente. O dia já não tinha sido fácil. O sociopata que ocupa a Presidência havia implementado uma reforma esquisita e trocado seis ministros, entre eles o da Defesa. Na esteira dessa demissão, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica colocaram seus cargos à

QUARENTENA, ANO 2 - Meu encontro com o Mestre dos Magos

  Por Daniela Martins As praias estão novamente desertas, as lojas fechadas, tudo exatamente como há um ano.  Em março de 2020 o Brasil tinha 165 mortos. No total.  Em março de 2021 os mortos passam de 3 mil. Por dia. A sensação é de que estamos vivendo em um looping  que piora a cada volta. Em progressão geométrica. O cenário atual não é bom no mundo inteiro, a pandemia vem e vai em ondas, obrigando os governos a adotar medidas de isolamento e a acelerar a vacinação de suas populações. No Brasil, o quadro é desolador, porque o presidente da República se recusa a liderar as ações de combate à doença. Pressionado pelo escandaloso número de 300 mil cidadãos mortos, ele se viu obrigado a fazer um pronunciamento à nação ontem à noite. Além de despejar sua costumeira cascata de mentiras, como afirmar que sempre defendeu a compra de vacinas, ele finalmente se solidarizou com a dor das famílias que perderam parentes para a doença. Depois de um ano. Depois de 300 mil mortos. Depois de t

QUARENTENA, ANO 2 - Já é Natal no Leblon!

Por Daniela Martins Quando fugi do Rio, lá pelos idos de 2010, prometi que só visitaria a cidade durante o inverno. Cumpri a promessa à risca durante a década seguinte, até que quebrei meus votos por amor. Sim, os apaixonados sempre cometem suas loucuras: eis-me no Rio em março, justamente o pior mês. Caminhava pela Ataulfo de Paiva rumo a Ipanema quando reparei que não havia uma única barata pelas calçadas, nem esmagada, nem seca, nem viva. Quase voltei a amar o Rio, mas logo me dei conta de que algo muito errado estava acontecendo.  Jamais, em meus 46 anos, atravessei calçadas cariocas sem topar com uma barata. O Rio sem baratas é tipo a Andressa Urach virando crente: alguma coisa está fora da ordem, é o prenúncio de que vai dar merda. Da Praça Antero de Quental até a Nossa Senhora da Paz, contei mais de 20 pessoas vivendo nas ruas e pedindo ajuda para comprar um prato de comida. A situação geral piorou bastante com a pandemia, impossível não enxergar isso.  Entrei na Casa &Vídeo