- Por RICARDO SILVEIRA
Alguns assuntos são como bola: os craques dominam e os demais dão de bico. Abaixo, uma lista de chutes em temas que não domino.
Alguns assuntos são como bola: os craques dominam e os demais dão de bico. Abaixo, uma lista de chutes em temas que não domino.
Chuto
que, em pouco tempo, muitas empresas vão descobrir que sobrevivem com menos
metros quadrados alugados e que parte desse custo operacional vai migrar da
coluna da despesa para o resultado dos balanços.
Chuto que as pessoas ganharão um pouco mais de peso, o que deixará o futuro da indústria do espelho (termo que imagino ter acabado de inventar) um pouco mais animado.
Chuto
que todos enfim entenderão o valor do ar livre, negociando a favor dele o tempo
antes dedicado às telas do mundo mobáio.
Chuto
que logo haverá uma overdose de telas e seus conteúdos.
Chuto
que todos teremos direito ao prazer de uma hora de banho de sol. Chuto que
sentiremos como uma bênção esse prazer nos queimar o coração.
Chuto
que pais finalmente conhecerão seus filhos. E vice-versa.
Chuto
que a descoberta de um, dois ou mais remédios combinados, criados para
problemas dos mais diversos e distantes, darão conta de nos tirar dessa planetária
condenação de prisão domiciliar.
Chuto
que os jornais televisivos darão menos espaço à meteorologia. Não que ela não
seja útil, mas talvez - e estamos provando na prática - isso não precise ocupar
tanto tempo no noticiário.
Chuto
que haverá uma explosão de viagens e que elas, por si só, serão experiências
libertárias. O Coliseu não será mais o Coliseu do ano passado. A Torre Eiffel, a mesma coisa. Tudo será mais
colorido, mais cheiroso. Vamos ver lugares que já conhecemos pela primeira vez
de novo. E como isso será lindo.
Chuto
que vamos passar a reclamar menos das viagens a trabalho, porque, mesmo a
trabalho, serão viagens, e nunca saberemos o vírus de amanhã.
Por
falar nisso, chuto que, em algum tempo, surgirá um Google das vacinas, um
Alibaba das vacinas, uma Apple das vacinas. Fico imaginando quanto não valeria
uma empresa dessas, nos dias de hoje, anunciando a proteção prévia de alguma coisa
como o esse vírus aê. Certamente, os trillions guys colocarão algum dinheiro
nisso.
Chuto
que alguém vai sugerir o Prêmio Nobel para o corona-killer. E mesmo antes
que alguém o faça, faço eu.
Chuto
que o ensino a distância será adotado para todas as idades e níveis sem que
isso choque os preceitos de uma educação pensada 150 anos atrás.
Chuto
que, em pouco tempo, as mãos estarão juntas outas vez. E por mais tempo, para
recuperar o tempo em que estiveram separadas muito antes que uma razão de saúde
pública o justificasse.
Chuto
que, com um pouco mais de tempo, haverá mais simplicidade, mais humanidade e
mais tolerância.
Tenho
feito isso nas horas que a tela da empresa dá uma folga. Pego minha bola de
cristal e chuto.
Foto: Pixabay
Nossa! Que texto! Até agora, uma das piores experiências para mim aconteceu no sábado passado, dia 14 de março. Ainda estava arriscando uma saída, o boteco dos sábados, a cerveja escalonada com um Fundador, quando entrou o rapaz da cozinha, o Alex. E me estendeu a mão, como sempre. Puxa, foi a primeira vez na vida que recusei um aperto de mão, e de uma pessoa querida. Doeu. Expliquei a ele o motivo, deitei um discurso que era para o nosso bem, ele sem jeito disse que tinha passado álcool nas mãos. Acho que nem eu, nem ele vamos esquecer aquele dia.
ResponderExcluir