- Por J. MARCELO ALVES
Não estou como o amigo Tony Goes, que está se divertindo “com o desespero de algumas pessoas, subitamente forçadas ao home office”. Sou uma dessas pessoas. OK, sem exageros, não estou propriamente desesperado (por enquanto) mas ainda não me adaptei ao esquema de teletrabalho. Às vezes acho que não vou me adaptar.
Sempre admirei as pessoas, como minha esposa, que conseguem ter a disciplina necessária para trabalhar a partir de casa. Hora para começar, terminar, intervalos e refeições, resistir ao buraco negro que é minha cama quando bate aquela sonolência no meio da tarde... E como, às vezes, não trabalhar além da conta? A gente se distrai e vai indo, e quando vê está se matando de burn out.
Além disso, talvez mais importantes para mim sejam o ambiente e a rotina. Se estou sentado na minha sala na universidade, meu cérebro fica num modo de funcionamento diferente daquele em que está se estou sentado na frente do meu computador em casa. Tem sido muito estranho e difícil manter a concentração. As partes ergonômica e de postura também deixam a desejar, no meu caso, pois minha cadeira em casa não é própria para trabalho por longos períodos e depois de um tempo ali o conforto já não é o mesmo e as costas começam a reclamar. Experimentar e comprar cadeira na quarentena, agora? Nem pensar.
E as pequenas --e não tão pequenas-- distrações que acontecem em casa? Barulho de obras, alguém fala alguma coisa, pede algo, vem botar o focinho na minha perna pedindo para ir passear ou por atenção (nesse caso, estou falando da cachorra). Teleconferência com os colegas vai ser coisa complicada. Isso que não temos filhos; não consigo nem imaginar como pais com criança em casa conseguem fazer qualquer trabalho em quantidade significativa. Merecem uma medalha. E espero que saiam dessa com um apreço muito maior pelos profissionais, professores ou outros, que passam a maior parte do dia aturando a molecada.
Sei que a gente se adapta a tudo e, se eu continuar tentando, uma hora vou achar o ritmo desse jeito de trabalhar. Como essa quarentena ainda vai longe, não tenho mesmo escolha. Tenho de ministrar aula pela Internet daqui quatro dias, então melhor me virar o quanto antes.
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