- Por RICARDO SILVEIRA
Tenho pensado em algumas coisas durante essa worldtreta. Uma delas é a duração disso que se convencionou chamar de quarentena.
Afegão-médio juramentado que sou, tenho a impressão de que vamos puxar uma oitentena, talvez mais.
É o que eu leio por aqui e por ali.
Minha fonte mais confiável é a China: se a parada começou lá em janeiro, talvez em abril eles estejam livres para sair às ruas, mesmo que ainda não livres das máscaras.
Mas, e se for mais?
Aqui, nas trocas de zazáps entre conhecidos, temos debatido algumas ideias, já que tempo para pensar nisso é o que nos sobra.
Uma delas é bem crazy people.
Criar quatro turmas globais, como se pudéssemos separar os cidadãos em 4 clusters diferentes.
O número de clusters está relacionado diretamente ao número de semanas do mês.
E como seria?
Quando a virulência do contágio der uma boa baixada, cada turma dessas quatro seria liberada para voltar à vida que tinha. Uma delas por semana. Sinal verde dado pela OMS, tudo nos conformes.
Isso aí. Um rodízio humano, como os que as cidades implantaram para os carros.
Uma semana por mês, cada turma iria se reintroduzindo à vida que levava e a vida também iria se reencontrando as com as pessoas, com um quarto delas, ao menos.
Assim, o comércio poderia reabrir, com um quarto de funcionários, e teria sempre alguém a atender.
Assim, um quarto de pipoqueiros poderia estar na frente dos cinemas e, bem, você já entendeu.
Um quarto do mundo nas ruas. Três quartos do mundo nos quartos.
Isso tudo mantendo as novas regras sociais que esse locaute nos imporá: certa distância física, algum cuidado adicional ao espirrar e autoisolamento no caso de febre, entre outros.
Curiosamente, ao escrever este artigo, me ocorre agora que todo mundo, de todos os cantos e origens, passará a agir como o povo japonês.
Lembra como você, afegão-médio como eu, estranhou quando via aquelas fotos do metrô de Tokyo com a galera usando máscara para não passar resfriado aos outros?
Isso.
A partir de agora, todos nós seremos um pouco japoneses.
A ideia de dividir os humanos em quatro grupos iguais (sob o ponto de vista prático não consigo entender como fazer) e liberar cada um deles da oitentena uma vez por semana pode ser um caminho.
O outro, certamente, um pouco mais penoso para nós afegãos-médios, é todo mundo viver e pensar como japonês.
Oitentena que segue.
Foto: Pixabay
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