Pular para o conteúdo principal

O QUE VOCÊ ESTÁ OUVINDO?



- Por J. MARCELO ALVES

A Chris perguntou outro dia: o que você está lendo? A ideia dela, ótima, é de vez em quando postarmos sobre livros que estejamos lendo nesses dias de atividades reduzidas fora de casa.

Vou "roubar" a ideia e perguntar: o que você está ouvindo?

Domingo (ontem) passei a maior parte da tarde fazendo uma tarefa daquelas para esvaziar a mente: raspar tinta velha, de décadas, de uma grade de ferro aqui em casa. Uma delícia, nada de redes, nada de notícias, nada de nada.

Só que, para mim, sempre tem música --se não estiver tocando fora, toca dentro da minha cabeça, frequentemente. Então é claro que eu tinha que colocar algo para tocar enquanto eu usava a espátula na grade.

Sempre gostei da banda texana ZZ Top, ouço músicas deles há muitos anos e fui a uma apresentação deles quando morava nos EUA. Com o passar dos anos, fui passando a entender cada vez mais a genialidade dos três americanos e sua mistura de blues e rock. É o tipo de música que parece simples, e até é do ponto de vista de execução (por músicos competentes), mas na verdade é muito difícil de escrever bem como os Tres Hombres fazem há cinquenta anos.

Como estou numa fase de escutar esta banda nos últimos dias --e ver seus divertidos vídeos no YouTube--, foi óbvia a escolha de ficar horas raspando tinta ao som de uma playlist só com os barbudos (OK, o baterista, embora chamado Frank Beard, quase nunca tem barba, mas enfim... Virou marca registrada da banda).

Escuta lá que é groove puro!

(crédito foto: Brian Marks. ZZ Top em Glastonbury, 2016)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Anything else I can help you with, ma´am? – parte 3

  ETEL FROTA Em Auckland, passo por debaixo do wharenui , o enorme portal da casa comunitária de encontros māori, de onde ressoa um delicado canto feminino de boas-vindas. A viagem foi dura, mas estou na Nova Zelândia, onde tudo sempre dá certo. Cara a cara com a senhora da imigração, já cheguei me justificando. Sorry, tinha tido problemas no preenchimento da NZeTA, primeiro, e depois na NETD. Fui depositando no balcão o celular aberto no formulário parcialmente preenchido, o certificado de vacinação impresso, o PCR negativo, passaporte. Muito ansiosa, esbarro nas palavras em meu inglês enferrujado pelo confinamento. [Aliás, tenho percebido que enferrujadas estão minhas habilidades de comunicação, mas isto não é assunto para agora.] Com um sorriso protocolar, ela sequer olhou para meu calhamaço.   Tranquilamente, me estendeu uma folha de papel, um xerox mal ajambrado, onde eu deveria marcar um xis declarando estar vacinada e outro confirmando ter tido um PCR negativo até 48 horas

NO TÚMULO DO POETA RENÉ CREVEL (edu)

Um poema em prosa de EDUARDO MUYLAERT Da minha casa na avenue de Chatillon que hoje é a avenue Jean Moulin eu podia ter ido a pé em pouco tempo ao descuidado cemitério de Montrouge Acabei nunca indo procurar — na quadra dezenove o túmulo discreto de uma família burguesa singelo granito rosa onde repousam serenos os restos do inquieto poeta René Crevel Se não dou certo em nada me mato — tinha dito leal, cumpriu a promessa — só mais tarde acabou reconhecido cultuado pranteado como poeta e escritor surrealista A vida teve cheia de intempéries tinha ainda catorze anos quando a mãe que só fazia blasfemar contra o cadáver o arrastou para ver o pai dependurado Sem ilusões. Fazia amor com homens e mulheres vivia com a cruel tuberculose — a peste branca e tinha amigos em diversos sanatórios além do peito, doíam muito os rins e a vida Tinha uma amante argentina, —   Condessa Cuevas de Vera a quem deixou a última mensagem — “Favor

QUARENTENA, DIA 62

Por DANIELA MARTINS 16/5 - QUARENTENA, DIA 62. Com quase 4.700 vidas perdidas, o estado de São Paulo superou a China em número de mortes por Covid-19. O Brasil perdeu hoje mais 816 cidadãos para o vírus. A melancolia do dia frio foi aplacada pela live que rolou num dos terraços do bairro, acompanhada e aplaudida pelos vizinhos. Eu e a Teca acordamos bem cedinho e tomamos café da manhã juntas. Os irmãos mais velhos aproveitaram para dormir até tarde, livres das videoaulas. Fiz arroz de carreteiro para o almoço, enquanto sonhava acordada com um piquenique num gramado qualquer. Fiquei com saudades dos nossos piqueniques deliciosos no Parque da Cidade, em Brasília, e no Jardim Botânico aqui de São Paulo, do meu famoso sanduíche de atum com pepino crocante, que nunca faltava. Parece tudo tão distante agora... Que bom que temos essas pequenas lembranças de dias em que fomos felizes sem nenhuma razão especial... Marcamos uma sessão de cinema na sala e eu preciso ajeitar tudo. Va