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PENSO, LEIGO EXISTO


- Por RICARDO SILVEIRA

No planeta, pandemia.
Na cabeça, pandemônio.

Se tem fitinha e aparelho para medir diabetes em 3 segundos, por que não tem uma pra detectar o corona igual teste de grávida?

Qual é o recorde mundial de velocidade de produção de vacina depois do surgimento de um novo vírus?

Já consultaram algum um pajé?

O treco passa pelo ar, pela água ou pelo dinheiro?

Por que tanto na Itália e Espanha e não tanto na França e Alemanha?

Algum astrólogo viu um 2020 assim?

É um vírus único?

É o mesmíssimo vírus em todo ser-humano ou o organismo de cada ser-humano pode ter seu vírus particular?

É possível que isso já circulasse, na moita, antes do primeiro chinês diagnosticado e que algo não relacionado a ele tenha catapultado a bagaça?

Por que os anticorpos de gripes passadas não funcionam agora?

Já fuçaram as gavetas da NASA?

Tem alguém 100% imune a esse treco mesmo sem a vacina?

Se o vírus fica vivo no chão por dias a fio na rua, algum tipo de fumacê daria conta?

E planta medicinal? Alguma?

Entupir-se de vitamina tem alguma serventia?

Alguma bactéria do bem, eventualmente criada em laboratório, poderia lutar contra o maledetto?

Existe algum Pacto Global de combate a pandemias que normatiza a forma de lidar com elas?

Por que uma vacina demora?

Por último, aos racionais: qual a razão de um vírus existir?

Imagino que essas devam ser apenas algumas das milhares de dúvidas existentes.

O vírus da incerteza se multiplica, causando sintomas como ansiedade, paralisia, angústia e, em casos mais extremos, artigos com trocadilhos ruins no título.

É o pandemônio.


Foto: Pixabay

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