Por DANIELA MARTINS
11/5 - QUARENTENA, DIA 57. O diário ficou sem duas páginas. É provável que fique sem algumas outras pela frente, porque diário é assim mesmo. Tem dias em que a gente escreve pra aplacar a raiva, tem dias em que a gente escreve para relembrar momentos marcantes, e tem outros dias em que a gente simplesmente não escreve.
Mas é claro que eu acompanhei com tristeza a marca dos dez mil mortos e vi o presidente dando uma relaxada de jet ski, arreganhando para o mundo a sua grosseria, a falta de grandeza e empatia.
Acabei de ver no jornal que o ministro da Saúde estava numa entrevista coletiva e foi informado pela imprensa de que o presidente liberou a reabertura de academias de ginástica e salões de beleza sem nem ao menos consultá-lo.
Resolvi voltar a escrever só pra registrar isso e tentar entender o que fazem essas pessoas insanas e irresponsáveis à frente de um país. É difícil de aceitar.
No meio de tudo isso, teve o Dia das Mães e eu reuni novamente a minha matilha em São Paulo. É um alívio ver todos bem e tê-los ao meu lado.
Hoje morreu o Sirlei, que dirigia a van da NAU, a primeira escola dos meus filhos, lá na Urca. Ele levava todas as turmas para explorar o mundo a cada semana. Praia, pracinha, pista Cláudio Coutinho. Era o mais amado pelas crianças, claro. Jota queria que ele fosse dirigindo o nosso caminhão de mudança do Rio para Brasília.
Algumas pessoas acabam se tornando símbolos de toda uma fase da vida da gente. Pensando no Sirlei, me lembrei dos meus filhos ainda pequenos, daquela escadinha de crianças lindas e gordinhas, daquela certeza de que nada poderia ser mais acertado do que ter colocado aqueles três pequenos no mundo, daquela confiança, daquela força.
Tudo hoje é muito diferente daquele tempo. Tudo. Menos eles, que me fazem redescobrir essa força agora, quando isso é tão importante.
Fundamental é mesmo o amor, é fazer estrogonofe quentinho num dia frio, assar cookies de chocolate, perguntar se fizeram as tarefas da escola. Fundamental é matar as saudades, relevar as pequenas brigas, fazer dez minutinhos de ginástica por dia. E deixar a vida entrar pelas frestas das casas fechadas e dos corações apertados pela angústia da espera.
11/5 - QUARENTENA, DIA 57. O diário ficou sem duas páginas. É provável que fique sem algumas outras pela frente, porque diário é assim mesmo. Tem dias em que a gente escreve pra aplacar a raiva, tem dias em que a gente escreve para relembrar momentos marcantes, e tem outros dias em que a gente simplesmente não escreve.
Mas é claro que eu acompanhei com tristeza a marca dos dez mil mortos e vi o presidente dando uma relaxada de jet ski, arreganhando para o mundo a sua grosseria, a falta de grandeza e empatia.
Acabei de ver no jornal que o ministro da Saúde estava numa entrevista coletiva e foi informado pela imprensa de que o presidente liberou a reabertura de academias de ginástica e salões de beleza sem nem ao menos consultá-lo.
Resolvi voltar a escrever só pra registrar isso e tentar entender o que fazem essas pessoas insanas e irresponsáveis à frente de um país. É difícil de aceitar.
No meio de tudo isso, teve o Dia das Mães e eu reuni novamente a minha matilha em São Paulo. É um alívio ver todos bem e tê-los ao meu lado.
Hoje morreu o Sirlei, que dirigia a van da NAU, a primeira escola dos meus filhos, lá na Urca. Ele levava todas as turmas para explorar o mundo a cada semana. Praia, pracinha, pista Cláudio Coutinho. Era o mais amado pelas crianças, claro. Jota queria que ele fosse dirigindo o nosso caminhão de mudança do Rio para Brasília.
Algumas pessoas acabam se tornando símbolos de toda uma fase da vida da gente. Pensando no Sirlei, me lembrei dos meus filhos ainda pequenos, daquela escadinha de crianças lindas e gordinhas, daquela certeza de que nada poderia ser mais acertado do que ter colocado aqueles três pequenos no mundo, daquela confiança, daquela força.
Tudo hoje é muito diferente daquele tempo. Tudo. Menos eles, que me fazem redescobrir essa força agora, quando isso é tão importante.
Fundamental é mesmo o amor, é fazer estrogonofe quentinho num dia frio, assar cookies de chocolate, perguntar se fizeram as tarefas da escola. Fundamental é matar as saudades, relevar as pequenas brigas, fazer dez minutinhos de ginástica por dia. E deixar a vida entrar pelas frestas das casas fechadas e dos corações apertados pela angústia da espera.
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