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QUARENTENA, DIA 23

- Por DANIELA MARTINS

07/4 - QUARENTENA, DIA 23. Hoje foi dia de fazer máscaras caseiras para proteção contra a Covid-19. Aqui no Rio, as pessoas continuam andando muito mais pelas ruas do que em São Paulo, a única diferença com relação à outra semana em que estive aqui antes é que agora usam máscaras dos mais diversos modelos. E os mercados começaram a controlar o número de clientes.

Fizemos esse modelo de perfex com elásticos de cabelo. Um luxo, não fosse o fato de eu ter comprado o perfex com cheirinho de limão. Se eu beber cachaça de máscara, já vira caipirinha.

Vi um boteco no Leblon, com a porta de ferro abaixada até a metade, vendendo cerveja gelada. Algumas pessoas bebiam de pé na calçada. Um casal contabilizava três cascos de Antártica no chão. Os cariocas...

Nós seguimos os dias fazendo comidas bem gostosas para testar se o paladar ainda está funcionando. Um dos sintomas da infeção é justamente a perda desse sentido.

O governo lança o site para cadastrar as pessoas que poderão receber a ajuda de 600 reais. Muitas delas nunca tiveram nem uma conta bancária, mas precisarão ter ao menos um celular para acessar o cadastro e percorrer páginas a fio para conseguir se candidatar.

As mortes escalam no país e chegam a 114 em 24h.

Os pandas do zoológico de Hong Kong, que já viviam juntos há dez anos, finalmente tiveram privacidade para acasalar durante o isolamento social dos humanos. Já os tigres de NY foram infectados pela Covid por um funcionário, mas parecem estar bem.

Será que, confinados, conseguiremos entender finalmente que é bizarro existirem zoológicos?

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