15/4 - QUARENTENA, DIA 31. Hoje o ministro-astronauta, da Ciência e Tecnologia, anunciou a descoberta de um remédio nacional, barato e sem efeitos colaterais, que tem 94% de eficácia contra a Covid-19 nos testes in vitro. Descoberta muito conveniente para o governo no meio do imbróglio da demissão do ministro da Saúde.
O astronauta só esqueceu de dizer que há uma distância enorme entre testes in vitro e resultados em humanos. Enorme mesmo. Além de testar a nossa paciência, agora o governo quer testar a nossa inteligência...
O país registrou 204 mortes por dois dias consecutivos. Talvez seja o caso de criarmos um Ministério da Numerologia. Vai que ajuda?!
Como se já não fossem mortes demais, partiu também o Rubem Fonseca. De infarto, como Moraes, nos lembrando de que as doenças outras estão por aí, livres de quarentena.
“Axilas e outras histórias indecorosas” foi o livro que abriu o primeiro ano de leituras das Gatas Literárias, lá em Brasília, em janeiro de 2012.
Naquele ano, convidei as meninas para uma celebração da vida, da amizade e da leitura. Oito anos se passaram e eu moro agora em São Paulo, mas elas seguem firmes, celebrando a cada mês. E um pedacinho de mim festeja junto, sempre festejará.
Alguém filmou tartarugas nadando na Baía da Guanabara. Parece que a natureza está curtindo muito o nosso confinamento.
Mas, se tá legal pras tartarugas, tá bem puxado pras mulheres. Em um mês, os pedidos de medidas cautelares por agressão cresceram 30% no estado de São Paulo e 16 mulheres foram assassinadas dentro de suas casas. A violência doméstica aumentou em muitos países durante a quarentena. Será que, trancados por dias e noites, vamos finalmente ouvir os gritos de socorro?
Eu não acho mesmo que sairemos melhores desta pandemia. Mas se o brasileiro de classe média aprender a tirar o lixinho do banheiro já será um avanço civilizatório e tanto. Um passo de cada vez.
Hoje fiz um empadão e cuidei das minhas orquídeas. Elas me ensinam que tudo tem seu ritmo e que há um tempo certo para florescer, como dizia a canção hiponga do The Byrds:
To everything (turn, turn, turn)
There is a season (turn, turn, turn)
And a time to every purpose under heaven
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