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QUARENTENA, DIA 45

Por DANIELA MARTINS

29/4 - QUARENTENA, DIA 45. Ainda não consegui digerir ou comentar o “E daí” do presidente. Mais de cinco mil pessoas perdem a vida para a Covid-19 e o Covard-17 vem a público demonstrar toda a sua falta de empatia e psicopatia, além da completa incapacidade de assumir responsabilidade.

Nada disso é novidade, só vai ficando a cada dia mais evidente e inquestionável. O que mais assusta, no entanto, é que um em cada três brasileiros continua apoiando Bolsonaro.

O dia começou com o um ministro do Supremo suspendendo a posse do diretor-geral da PF indicado pelo presidente. O novo ministro da Justiça tomou posse à tarde, saudado pelo presidente como “terrivelmente evangélico”, como se isso fosse alguma credencial positiva para um ocupante de cargo público.

Em seu discurso, Bolsonaro deixou entrever que ainda não teria desistido de emplacar o amigo de sua família no comando da Polícia Federal. Precisaremos aguardar os próximos capítulos desse filme B.

O Velho da Havan, esse estranho personagem oficial da República brasileira, enfeitou a cerimônia de posse com seu terno verde bandeira e lencinho amarelo no bolso, nos lembrando que o país enfrenta, além das crises sanitária, econômica e política, também uma crise estética de enormes proporções.

Deve ser fruto de maldição mística, é nisso que dá construir qualquer coisa em cima de um cemitério indígena, ainda mais uma nação.

Eu apostaria num ritual “terrivelmente xamânico” no Palácio do Planalto, uma cerimônia de posse desta terra a quem de direito. Precisamos pedir licença para ficar, porque, decididamente, já fizemos muita merda.

Contamos mais 449 mortes hoje, que Bolsonaro mandou botar “na conta” dos governadores e prefeitos.

Eu, no momento, só quero mesmo contar os dias até o final desta semana comprida, pegar a estrada e encontrar o meu amor. A saudade deixa tudo mais difícil.

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